Lembrei-me de uma paciente que avaliei no consultório há algumas semanas. Uma senhora de idade. Chegou com um "pivô" na mão, pedindo para eu salvar o dente dela. Esse dente era muito importante para suportar uma prótese removível inferior. Ela contou que já havia passado por várias consultas para salvar o "pivô", porém sempre caía. Estava desolada.
Solicitei exames para complementar o diagnóstico (eu já tinha uma idéia quase certa do tratamento a ser feito).
Infelizmente, a paciente vinha de várias consultas, tratamentos, dentistas e tentativas frustradas de manter dentes que estavam muito comprometidos.
Os exames de raio x confirmaram: dentes com muita cárie, periodontite e lesões periapicais.
A paciente insistindo em mais uma tentattiva de manter os dentes.
Então pensei com meus botões... por quantas consultas essa senhora passou sendo iludida pelos denistas e iludindo a si mesma? No entanto, eu entendo perfeitamente a situação: perder dentes é uma perda além de física, psicológica. É uma parte da gente que vai embora, que se perde pra sempre. Como então ser determinado e objetivo para convencer o paciente de que não tem mais tratamento conservador a ser feito? De que a única solução para curar a infecção, para reabilitar a paciente é extração e prótese?
Respirei fundo e fui bem franca: - Não tem jeito mesmo, a única solução para o seu caso é extração, pois esses dentes estão com muita cárie e infecção periodontal. Existe inclusive um risco de a infecção causar outros problemas sistêmicos. Infecção dentária é uma porta de entrada para bactérias no organismo. Elas podem provocar doenças no coração, podem agravar um diabetes, podem alterar pressão sanguínea. E para repor seus dentes temos duas opções: prótese sobre implante ou prótese total convencional....
Segui explicando o tratamento, a paciente estava ciente do problema, mas ainda tentando insistir na manutenção das raízes. Por que não foi dito antes? Por que os dentistas cimentaram aquele "pivô" sobre uma raiz cariada e curta? Se foi dito, faltou explicação, psicologia para satisfazer as dúvidas da paciente. Se foi cimentado, infelizmente faltou coragem ao dentista. Coragem de arriscar perder o paciente, de arriscar perder o rendimento de uma consulta de cimentação. Faltou visão e ética. Faltou postura.
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